quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Toastmasters 101 – Como foi o meu primeiro dia

As pessoas perguntam-me frequentemente o que é isso dos Toastmasters, como funciona, e o que podem aprender juntando-se à organização.


Para clarificar as coisas decidi escrever uma serie de posts, que designei de Toastmasters 101, para esclarecer o conceito. Este é o primeiro. Subscreve as actualizações por email para não perderes pitada.

Antes de continuares quero esclarecer que a organização Toastmasters não tem nada a ver com a confecção de torradas. Se vieste aqui para aprender a fazer boas torradas estás no sitio errado, clica aqui e bom apetite.

Se por outro lado o que te trouxe aqui foi a vontade de melhorares as tuas competências de comunicação e liderança então estás no sítio certo, continua a ler.


Como cheguei aos Toastmasters

Tudo começou em 2007 ao ler o livro Fundamentals of Technology Project Management, um excelente livro sobre gestão de projectos tecnológicos que me permitiu consolidar os conhecimentos que fui adquirindo ao longo dos anos. Neste livro a autora Colleen Garton faz uma referência aos Toastmasters, que passo a citar:
“If you need help with overcoming your fear of public speaking, or you would like to improve your ability to “think on your feet” during meetings and presentations, organizations like Toastmasters are excellent for increasing one’s skill, confidence, and comfort level with public speaking. More information on Toastmasters is available at http://www.toastmasters.org/.”
Foi nesta altura, em Março de 2007, que ouvir falar dos Toastmasters pela primeira vez. Fui ao referido site, procurei clubes em Portugal, e por sorte encontrei o Oporto Toastmasters Club. Digo por sorte porque o clube tinha sido criado em Novembro de 2006, caso tivesse lido o livro uns meses antes (ele já estava na minha prateleira há algum tempo) não o teria encontrado porque ainda não existia e nunca mais pensava no assunto. O que me leva a concluir que procrastinar nem sempre é mau.

Enviei-lhes um email a perguntar qual o procedimento para me tornar membro, e em resposta fui convidado a assistir a uma sessão para perceber o conceito e depois decidir se pretendo ou não juntar-me ao clube.

No dia combinado, depois de andar praticamente uma hora às voltas para encontrar a EGP, lá consigo dar com aquilo. A sessão nesse dia iria decorrer no AB, um auditório fantástico, com um disposição estilo fórum e com som e projecção incorporados no próprio ambiente. Fiquei realmente impressionado com a qualidade das instalações.

Entro no auditório, um bocado a medo por estar muito alem da minha zona de conforto, e de imediato sou cumprimentado com entusiasmo e boa disposição por um membro do clube, que me acolheu, explicou sucintamente como funciona a sessão, e indicou-me um local para me sentar.

A Sessão

A minha primeira sessão Toastmasters foi muito especial, não pelo facto de terem recebido a minha visita, mas sim por terem recebido a visita do governador de área da altura, que abriu a sessão com uma apresentação muito divertida para nos ajudar a todos a descontrair. A apresentação era literalmente para nos ajudar a descontrair, pois colocou toda a gente a fazer exercícios de relaxamento.

Os Discursos

Passamos então aos discursos preparados. Lembro-me de dois discursos - um discurso muito interessante com dicas para comprar casa, e o outro, um discurso muito bem-humorado sobre as particularidades e dificuldades de se ser estrangeiro. Não me recordo se nesta sessão houve mais algum discurso preparado, já passaram quase três anos, e a minha memória já não é o que era.

O que me cativou mais nestes discursos foi o facto de não terem sido perfeitos, acalmando o meu receio de que poderia existir uma distância muito grande entre mim e os membros do grupo. Este facto fez com que sentisse que existia ali um lugar para mim.

De seguida fizemos uma pequena pausa para cada um de nós individualmente avaliar os discursos. A princípio tinha ideia de não avaliar os discursos por não me sentir «à vontade» para o fazer, mas nesta fase já estava mais descontraído, e como as grelhas de avaliação são fácies de preencher decidi faze-lo.

Os Table Topics

Seguiram-se os Table Topics, a parte da sessão em que temos oportunidade de praticar falar de improviso. Um membro do clube foi para o palco com um saquinho na mão, explicou que dentro do saquinho tinha vários objectos e que o objectivo era o orador tirar um objecto à sorte de dentro do saquinho e entregar um discurso de um a dois minutos que estivesse relacionado com o objecto em questão. Depois incentivou à participação pedindo voluntários «corajosos» para a missão.

Após o discurso do primeiro voluntário, fui desafiado a participar nos Table Topics. Como nunca fui de recusar um desafio, lá fui eu para o palco sem saber que objecto me iria sair. Um pisa papéis! Que raio há para dizer sobre um pisa papeis!? Comecei por descrever o objecto que tinha na mão, o que deve ter dado para uns quinze a vinte segundos, depois contei uma história sobre um pisa papéis que um dia me deram, o que deve ter dado outros quinze a vinte segundos. Comecei a achar que o timekeeper (a pessoa que controla o tempo numa sessão Toastmasters) estava distraído, nunca pensei que um minuto pudesse demorar tanto tempo a passar! Expliquei para que é que serve um pisa papéis para o caso de alguém não saber e passei mais tempo a olhar para o objecto do que para a audiência, mas lá consegui aguentar um minuto, o tempo mínimo necessário para se concluir um Table Topic com sucesso.

Deus deve realmente ter um sentido de humor doentio, pois na altura achei esta experiência extremamente divertida, (ainda hoje o Table Topics é a minha parte preferida numa sessão Toastmasters).

As Avaliações

Seguiu-se a parte de avaliação dos discursos preparados. Cada orador tem um avaliador específico responsável por avaliar o discurso e dar feedback construtivo. Existem ainda dois avaliadores «especiais»: o Timekeeper, de que já falei previamente, responsável por controlar o tempo dos discursos, e o Ah! Counter, responsável por anotar todas as pequenas muletas, verbais ou não verbais, que atrapalham a comunicação, tais como: o repetir ou arrastar de palavras, o olhar ausente, o deambular sem sentido pela sala, o coçar a cabeça, entre outras.

O avaliador começou por explicar que esta avaliação era a sua opinião pessoal e que poderá não coincidir com a opinião dos outros participantes na sessão. De seguida enumerou os pontos do discurso em que considerou que o orador esteve particularmente bem. Seguiu enumerando os pontos em que o orador podia melhorar dando sugestões de melhoria. Por fim terminou fazendo um resumo da sua avaliação e incentivando o orador a prosseguir para o próximo discurso.

Após a avaliação específica, o Timekeeper e o Ah! Counter entregaram também as suas avaliações.

Para terminar a sessão um membro do clube, designado por General Evaluator, efectuou uma avaliação geral da sessão, tendo em consideração aspectos relacionados com a preparação da sessão, a condução da mesma e as avaliações dos discursos preparados. Para além desta avaliação, o General Evaluator fez também uma breve avaliação dos Table Topics.

Encerramento da sessão e Follow-up

Após o encerramento da sessão, os participantes tiveram algum tempo para trocar impressões e entregar as suas avaliações aos oradores.

No dia seguinte recebi um email do clube a agradecer a minha participação e a explicar como proceder para formalizar a inscrição. Quinze dias depois participei na minha segunda sessão Toastmasters, desta vez já como membro.



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